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sexta-feira, 18 de março de 2011

As Origens da Filosofia


“O homem nada mais é que um junco, o mais frágil da natureza, mas um junco pensante.” (Pascal, B. Pensées, 347).

Plotino nos falava que o homem é a oficina de todas as criaturas, isto porque ele produz o sentido de cada ser, podendo assim dizer é ele que faz surgir todas as coisas no mundo. O homem ao pensar está ligado à subjetividade, esta por sua vez produz a ideologia, sendo esta um saber elaborado a partir de certos interesses e aspectos que envolvem a realidade, podemos citar como exemplo o capitalismo que é uma ideologia econômica. Existem dois tipos de ideologia: a do porvir e a do passado, a ideologia do passado está no enaltecer o antigo, o verdadeiro, o bom, ou seja, ser antigo é ser nobre, e recordar o antigo é renovar-se. A ideologia do porvir tem a mesma estrutura da ideologia do passado, ou seja, imaginam uma situação definida e elevam a resposta nela contida a um padrão de vida indiscutível.
A Filosofia é aquela pelo qual podemos revigorar-nos e buscarmos o conhecimento de nós próprios, ou seja, a partir da subjetividade que é fonte e ação do conhecimento. Adquirimos por ela um pensamento aberto, critico, por onde podemos ver o mundo de uma forma diferente, de um jeito que ainda não vemos. Diante de cada dia estamos atarefados com coisas do mundo, esquecendo-nos do eu, sempre estamos buscando o bem-estar e segurança material, ou seja, vivemos cheios de ideologia e pouca filosofia. As tarefas do cotidiano desfocam o verdadeiro sentido em que a filosofia existencial nos leva a refletir, pois quando nos preocupamos em procurar o bem-estar e a acomodação vivemos criando ideologias e nos afastando da verdadeira filosofia. Para isso tomemos o exemplo de Sócrates que interpelava os atenienses à visão filosófica e consequentemente estes ficavam inquietos, pois a inquietude é caminho para um crescimento filosófico.

Um outro meio de se buscar o conhecer é pela admiração, esta que foi própria dos filósofos antigos, que se admiravam com o mundo e procuravam respostas aos questionamentos vindos da admiração, para Platão não existe filosofia sem o principio da admiração. Kirerkegaard definia admiração como “sentimento apaixonado do devir”, para ele o sentimento de admiração esta intimamente ligado ao ser-em-devir, a admiração nos aproxima do espetáculo dos entes, espetáculos que nos deixam surpresos.
Temos também a angústia que se bem usada pode se tornar um meio de procura filosófica. Diferente do que muitos pensam, ela torna o ser humano mais preparado e forte para perceber a vida. A partir do momento em que se fica angustiado, tal sentimento deve buscar a superação e entendimento da situação vivida. Se a angústia não for tratada ela se torna desespero e este bloqueia a visão de mundo.
A maior angustia humana é sair do comodismo de pensar e compreender que somos em nossa existência uma inconstância, a mercê das coisas não planejadas, e que ao fim tudo leva a morte, a morte que causa tanto medo,  medo por não se saber o que vai acontecer. Porém, sofre mais aquele que é desiludido numa certeza, do que aquele que cria expectativas falsas.

Vivemos de forma a procurar pisos sólidos e isso não leva mais do que à inércia de uma vida e de um conhecimento. Por isso a coragem interpela-nos a vivência da intersubjetividade criando em nós uma forma de crescimento pessoal que nos move a interpessoalidade diante do mundo e dos assuntos que nos trazem angústia, questionamento e medo. O nosso conhecimento depende da nossa busca não daquilo que é inimaginável, mas daquilo que nos é próprio, levando-nos a uma busca de respostas daquilo que nos esquecemos e de alguma forma deixamos de lado. A coragem pensada é a única força com o qual o ser humano possui em buscar a mudança a partir daquilo que lhe é próprio. ‘“A coragem é um sim dito ao abalo da existência, aceito como uma necessidade para que se possa efetuar a realização do ser que nos é próprio (…)”’ (Goldstein, K. apud. BUZZI, 2000).

A coragem deve ser a força pela qual desvendamos os nossos medos e angústias em busca do conhecimento do eu próprio, como nos diz Buzzi “[…] A coragem é o método certo. Para consegui-la precisamos entrar na vida como o galo no ringue. Para a briga!” (p. 175, 2000). As circunstâncias da vida (medo, erro) devem ser caminho para o enfrentamento a subjetividade pelo conhecimento.

Um comentário:

  1. Muito interessante. Principalmente pelo fato de aliar a angústia e a admiração para explicar a reflexão filosófica!!!

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